Ao longe um som, que a alerta que ela
tem que levantar, já é hora!
O vento batendo na janela,
enquanto os sons da madrugada se sobressaem lá fora.
Aos poucos ela vai criando coragem e
se levanta da cama...
Toma banho, se arruma.
Sai na porta e logo seu corpo leva um
susto com a mudança de temperatura.
O vento gelado soprando forte passa
pelo seu corpo a tirando o calor de sua casa e a transportando para um universo
quase que paralelo chamado madrugada fria.
04h55min da madrugada, já estava
atrasada, entretanto conseguiu pegar o ônibus!
Ônibus cheio.
Os parafusos se balançando quase
formando uma melodia, enquanto as janelas batiam alvoroçadas pelo movimento
rápido e grosseiro do deslocamento do ônibus pela BR rumo a capital.
Enquanto isso pessoas vão dormindo,
outras conversando entre si, e outras ainda vidradas em seus celulares mandando
mensagens ou acessando alguma rede social...
...E ela ouvindo música cheia de
vontade de cantar alto e dançar loucamente.
Conteve-se!
Trânsito complicado, engarrafamento,
demora.
E ainda assim não chegou atrasada.
Chegou à sua sala e se deparou com o
silêncio quase total, calmante e assustador.
Sala vazia...
Ninguém, além dela, havia chegado e ela
ficou ouvindo o ressoar do vento disputando com o silêncio, enquanto aos poucos
os sons diurnos começavam a lutar para aparecer também e assim a calmaria vai
saindo, dando espaço para os sons dos carros e suas buzinas irritantes.
O que estava escuro aos poucos se
deixa iluminar pela luz linda e radiante do sol que começa a se levantar e
iluminar o mundo com sua simplicidade e grandeza, contraditoriamente.
Aos poucos colegas de trabalho
vão chegando.
Bom dia!
E de repente ela percebe a sala cheia
e os assuntos paralelos rolando, enquanto ela se isola em sua mesa enfrente ao
seu computador, e fica no seu canto realizando seu trabalho e pensando no que
escrever para o seu blog.
Afazeres concluídos... Volta a
escrever e se depara com a dificuldade de concluir um texto.
Contudo, se sente tão à vontade em
fazê-lo e continua.
Agora os sons são tantos que mal se
pode concentrar em apenas um.
Ar condicionado, teclados, telefones,
conversas, reforma, salto alto, carros, impressoras, papéis... E tantos outros!
No espelho do banheiro, observa-se e
sente-se demasiada gorda.
Trajando em seu corpo um vestidinho,
preto com detalhes brancos soltinho, que disfarça bem seu peso.
Observa-se mais uma vez e fita seu
olhar em seu cabelo, recentemente cortado, e depois de passar pela
"depressão pós-corte" começa a gostar do seu novo visual!
Daí, uma vontade louca de
degustar um bom chocolate Laka, quase consegue sentir seu delicioso e
concentrado sabor, só de imaginar.
...
Parece descrição de livro e/ou filme
de ficção, mas é apenas o resumo da vida de uma menina simples.
Quem é ela?
Não é difícil de decifrar...
Essa menina sou EU!